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«Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo (...), feira cabisbaixa, meu remorso, meu remorso de todos nós...» {Alexandre O'Neill}

quarta-feira, abril 5

Atlântico (3)

Mas a direita liberal portuguesa é muito sui-generis. A chinela escorrega-lhes sempre do pé. P'rá direita, claro.
Na página 12 da Atlântico de Abril, um dos sacerdotes da causa, saído da catacumbas da Faculdade de Economia da Universidade Nova (de onde mais podia sair?), Luciano Amaral lança um violento arrazoado sobre o «liberalismo» de Hollywood, que se dedica a fazer filmes sobre cowboys e escritores gay (Brokeback Mountain e Capote), ou sobre o McCarthismo e o racismo, em vez de se dedicar a temas tão interessantes como o Gulag ou os milhares de mortos da responsabilidade de Che Guevara. «Haveria tantos temas dignos de atenção, mas a que a "comunidade" (como ela gosta de se designar) não liga nada», queixa-se, com justiça, o pobre Luciano.
Então, sobre o McCarthismo é que ele já não suporta, tanto mais, explica lucidamente Amaral, que, «hoje, sabe-se que todos os que foram denunciados por McCarthy enquanto espiões da URSS eram efectivos espiões da URSS». O que faz de Good Night, and Good Luck, de George Clooney, «talvez, o filme mais desonesto de todos os apresentados». Luciano dixit.
Mandasse Luciano Amaral, um liberal de gema, e tudo seria diferente. Ai isso seria! Porque «a estupidez dos activistas de Beverly Hills não carece de confirmação. Mas o que dizer daqueles, como, como nós, que tão pacientemente os aturam?» Sim, o que dizer?

||||| Escrito por dm :: 12:15 da tarde :: 0 Comentários