[Albergue Espanhol]


«Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo (...), feira cabisbaixa, meu remorso, meu remorso de todos nós...» {Alexandre O'Neill}

quinta-feira, agosto 31

Mais um docinho...

... para quem adivinhar quem escreveu este outro belo naco de prosa, publicado a 12/6/2005:
«As televisões estão felizes: começaram os incêndios! Começou a 'época', com data marcada, como a dos banhos. Já há ecrãs em chamas, emoções cruas, acusações cruzadas, repórteres sem fôlego, temperaturas altas, casas em perigo, mulheres que choram, homens que gritam, hectares ardidos, biliões de hectares, aviões em terra, tempestade no ar, políticos incomodados, prós e contras, tempos de antena, 'ilcópteros' parados, mangueiras sem água, imagens tremendo, voyeurs incendiários, incendiários voyeurs, soldados da paz, heróis repórteres, corações ao alto, 'Portugal a arder', é fogo posto, posto na televisão, posto p'la televisão, ecrãs em chamas.
Não foi sempre assim. Há 20 anos a televisão única, as rádios e os jornais não ligavam pevide aos incêndios. Eram factos da vida e ficavam longe de Lisboa. Foi antes da concorrência.
Agora há. E tal como as imagens de pedofilia na Internet promovem a pedofilia, também as imagens excessivas dos incêndios nas televisões promovem a piromania. sabe-se que há incendiários que ateiam incêndios para os ver na televisão. Quanto mais ecrãs em chamas, mais chamas nas florestas. Seria bom os operadores pensarem em auto-regulação específica nesta matéria diminuindo a cobertura em excesso. Salvemos a floresta! Diminuamos os incêndios a dois minutos de antena!»

||||| Escrito por dm :: 7:25 da tarde :: 0 Comentários